O Tayson sempre foi um grande cínico. Desde pequeno ele aprendeu a arte de dissimular, era uma questão de sobrevivência. Em uma ninhada de sete vira-latas, ele tinha que ter um diferencial para não ser deixado de lado. Acabou virando o queridinho da mamãe, a anciã Xuxa. Seus irmãos, todos tomaram diferentes rumos. Três foram enterrados vivos no quintal de casa. O Hollyfield e o De La Hoya foram adotados por outras famílias. O Pitucho, renegado pela Xuxa, ganhou um lar na casa vizinha, virando o grande rival do Tayson. Já o Tayson, como o grande fingidor que sempre foi, fez que fez, até que ganhou um lugar na casa dos Ottafur. No início, ele teve que conviver com o Mingau, um gato preto que já tinha mais de uma década de vida e era o xodó da família. O Tayson sabia muito bem, conquistando o Mingau, ele teria um lugar cativo no lar dos Ottafur. E foi isso que ele fez, virou um grande amigo do felino. Nem parecia que era um cão e um gato. Um dava banho no outro, os dois brincavam juntos, não havia sequer disputa por comida.
Passado algum tempo, já afirmado no posto de bicho de estimação preferido dos Ottafur, deixando de lado o velho Mingau, o Tayson começou a mostrar a sua verdadeira identidade. O vira-lata era um sádico. Mordia, batia, fazia de tudo com o pobre gato. Até tentativa de estupro teve, só evitada por conta de uma afiada unhada desferida no olho direito do guaipeca. A barbárie canina, no entanto, era desconhecida do restante dos seres que habitavam aquele domicílio. Quando alguém estava por perto, ele se comportava como um verdadeiro cavalheiro com o felino idoso e já aposentado.
O Tayson sempre levou a vida assim. Fingindo. Fingindo muito. Quando a sua dona, a Beth, desceu a escada e constatou que a sua estátua preferida, um faraó cortando as unhas das patas de uma gazela, estava quebrada, mais uma vez ele fingiu. Fingiu que nada tinha acontecido. Até de barriga pra cima ele deitou, na expectativa de ganhar cosquinha. Abanava o rabo, abria a boca e fazia cara de agradável, como se nada tivesse feito. No entanto, ao perceber que a expressão da Beth não mudava, ele partiu para o plano B. Saiu correndo como se fosse uma lebre fugindo do matadouro. E a Beth veio atrás.
- TAAYYYSSSSOOOOONNNNNNNNNNNNN!!!!!!!!!!!!!!!!!!! – era tudo que o bicho ouvia.
Nem olhava para trás, de tão desesperado. O medo de ir para favela impregnava a sua alma canina. Na cabeça dele, a favela era o pior lugar que alguém poderia estar. Sofrera ameaças constantes durante suas crises:
- Se tu fizer isso de novo, tu vai pra favela!
- Tu vai ver só, continua assim que nós te mandamos pra favela!
O Tayson, na verdade, não sabia o que era uma favela. O medo do desconhecido era o que torturava seus pensamentos. Sempre que aprontava, alguém o ameaçava de mandá-lo para favela. Logo ele, um cão tão elegante, de uma linhagem tão nobre, a dos guaipecas, ir para favela. Vê se pode uma coisa dessas! Seria inadmissível. De tão convencido, acreditava que as pessoas deveriam bater palmas quando ele mijava por aí, infestando o ambiente com mau cheiro.
A perseguição continuou até o ponto em que o Tayson se encontrava acuado em um canto escuro da área de serviço. A Beth não era muito alta, menos de 1,60m, mas, naquela altura do campeonato, ela parecia uma gigante. Para o Tayson, ela estava parecendo uma reencarnação do faraó retratado naquela estátua. Os olhos exalavam um ódio incontinente. As mãos pareciam ganchos letais. A boca, um vulcão de palavras impronunciáveis. O cão, coitado, ficou tão minúsculo perto daquele vulto raivoso que se desmanchou em gemidos. Era um tal de ‘cain,cain,cain’ pra tudo que era lado. No entanto, os devaneios misericordiosos do Tayson não foram capazes de evitar que sua dona puxasse do bolso o instrumento que seria crucial em sua vida.
Passado algum tempo, já afirmado no posto de bicho de estimação preferido dos Ottafur, deixando de lado o velho Mingau, o Tayson começou a mostrar a sua verdadeira identidade. O vira-lata era um sádico. Mordia, batia, fazia de tudo com o pobre gato. Até tentativa de estupro teve, só evitada por conta de uma afiada unhada desferida no olho direito do guaipeca. A barbárie canina, no entanto, era desconhecida do restante dos seres que habitavam aquele domicílio. Quando alguém estava por perto, ele se comportava como um verdadeiro cavalheiro com o felino idoso e já aposentado.
O Tayson sempre levou a vida assim. Fingindo. Fingindo muito. Quando a sua dona, a Beth, desceu a escada e constatou que a sua estátua preferida, um faraó cortando as unhas das patas de uma gazela, estava quebrada, mais uma vez ele fingiu. Fingiu que nada tinha acontecido. Até de barriga pra cima ele deitou, na expectativa de ganhar cosquinha. Abanava o rabo, abria a boca e fazia cara de agradável, como se nada tivesse feito. No entanto, ao perceber que a expressão da Beth não mudava, ele partiu para o plano B. Saiu correndo como se fosse uma lebre fugindo do matadouro. E a Beth veio atrás.
- TAAYYYSSSSOOOOONNNNNNNNNNNNN!!!!!!!!!!!!!!!!!!! – era tudo que o bicho ouvia.
Nem olhava para trás, de tão desesperado. O medo de ir para favela impregnava a sua alma canina. Na cabeça dele, a favela era o pior lugar que alguém poderia estar. Sofrera ameaças constantes durante suas crises:
- Se tu fizer isso de novo, tu vai pra favela!
- Tu vai ver só, continua assim que nós te mandamos pra favela!
O Tayson, na verdade, não sabia o que era uma favela. O medo do desconhecido era o que torturava seus pensamentos. Sempre que aprontava, alguém o ameaçava de mandá-lo para favela. Logo ele, um cão tão elegante, de uma linhagem tão nobre, a dos guaipecas, ir para favela. Vê se pode uma coisa dessas! Seria inadmissível. De tão convencido, acreditava que as pessoas deveriam bater palmas quando ele mijava por aí, infestando o ambiente com mau cheiro.
A perseguição continuou até o ponto em que o Tayson se encontrava acuado em um canto escuro da área de serviço. A Beth não era muito alta, menos de 1,60m, mas, naquela altura do campeonato, ela parecia uma gigante. Para o Tayson, ela estava parecendo uma reencarnação do faraó retratado naquela estátua. Os olhos exalavam um ódio incontinente. As mãos pareciam ganchos letais. A boca, um vulcão de palavras impronunciáveis. O cão, coitado, ficou tão minúsculo perto daquele vulto raivoso que se desmanchou em gemidos. Era um tal de ‘cain,cain,cain’ pra tudo que era lado. No entanto, os devaneios misericordiosos do Tayson não foram capazes de evitar que sua dona puxasse do bolso o instrumento que seria crucial em sua vida.
O que a Beth tirou do bolso? O que acontecerá com o Tayson?... Saiba acompanhando o terceiro capítulo de... “O Mercador de Pulgas”